Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (18), o Ministério Público de Goiás divulgou que cinco partidas de Campeonatos Estaduais, entre eles o Paulista e o Gaúcho, estão sob alvo da Operação "Penalidade Máxima", que investiga manipulação de resultados no futebol brasileiro.
Segundo informações divulgadas pelo promotor Fernando Cesconetto, do Ministério Público de Goiás, as quantias pagas para cada jogador variavam entre R$ 70 mil e R$ 100 mil. Os nomes dos atletas não foram revelados e nenhum deles foi preso até o momento. Além disso, não está descartada a participação de outros jogadores.
Além do Campeonato Paulista e do Gauchão, uma partida do Campeonato Goiano e outra do Campeonato Matogrossense também são investigadas. Há por exemplo, indícios de manipulação no número de escanteios e até mesmo uma tentativa de derrota ainda no primeiro tempo.
Veja abaixo os jogos:
Goianão
Goiás x Goiânia - 12/02 (tentativa de derrota parcial do Goiânia no 1º tempo)
Gauchão
Esportivo Bento Gonçalves x Novo Hamburgo - 11/02 (jogador do Novo Hamburgo teria que cometer pênalti)
CaxiasxSão Luiz - 12/02 (tentativa de cooptar atleta do São Luiz a cometer pênalti)
Matogrossense
Luverdense x Operário - 09/02 (manipulação no número de escanteios)
Paulista
GuaranixPortuguesa - 08/02 (determinado atleta deveria levar cartão amarelo)
O que a Operação 'Penalidade Máxima' investiga e quem são os outros denunciados
A investigação da Operação "Penalidade Máxima" aponta que grupos criminosos convenciam jogadores, com propostas que iam até R$ 100 mil, a cometerem lances específicos em partidas e causassem o lucro de apostadores em sites do ramo.
Um jogador cooptado, por exemplo, teria a "função" de cometer um pênalti, receber um cartão ou até mesmo colaborar para a construção do resultado da partida - normalmente uma derrota de sua equipe.
As primeiras denúncias ouvidas pela operação surgiram no fim de 2022, quando o volante Romário, então jogador do Vila Nova (GO), aceitou R$ 150 mil para cometer um pênalti contra o Sport, em partida válida pela Série B do Brasileiro.
Na ocasião, o atleta embolsou R$ 10 mil imediatamente e só ganharia o restante caso o plano funcionasse. Romário, porém, sequer foi relacionado para a partida, o que estragou a ideia.
A história chegou até Hugo Jorge Bravo, presidente do time goiano e também policial militar, que buscou provas e as entregou ao Ministério Público do estado. A partir daí, criou-se a operação "Penalidade Máxima" para investigar provas e suspeitas sobre o assunto.
Na primeira denúncia, havia a suspeita de manipulação em três jogos da Série B, mas os últimos acontecimentos levaram os investigadores a crer que o problema era de âmbito nacional e havia acontecido em campeonatos estaduais e também na primeira divisão do Brasileiro.
Além de Romário, outros sete jogadores foram denunciados pelo Ministério Público por participarem do esquema de fabricação de resultados: Joseph (Tombense), Mateusinho (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Cuiabá), Gabriel Domingos (Vila Nova), Allan Godói (Sampaio Corrêa), André Queixo (ex-Sampaio Corrêa, hoje noItuano), Ygor Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Sepahan, do Irã) e Paulo Sérgio (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Operário-PR).
O Ministério Público de Goiás cumpriu um mandado de busca e apreensão contra o zagueiro Victor Ramos, da Chapecoense, nesta terça-feira (18). O atleta é um dos alvos da Operação "Penalidade Máxima", que investiga manipulação de resultados no futebol brasileiro.
O atleta de 33 anos foi encontrado em sua casa nesta manhã, em Chapecó, e conduzido para prestar depoimento. Além disso, o defensor teve o celular apreendido para investigação.